quarta-feira, 26 de março de 2008

Ser Gorda

Ainda não se ouve falar muito por aqui e aí de "fat phobia", uma expressão que, parecendo traduzir uma entidade clínica, engloba toda uma série de representações sociais negativas e orienta várias práticas (científica, jornalística, clínica, saúde pública etc) no sentido da discriminação dos corpos "não magros", muitas vezes chamados de "gordos", "badochas", "potes", "mastronços" entre outros. Alguns exemplos da expressão social desta tendência são a publicação repetida de estudos sobre os perigos da obesidade (muitas vezes subtilmente chamada/confundida com excesso de peso); a promoção de produtos fat free; a representação praticamente exclusiva do/as gordo/as no cinema ou publicidade como "patéticos", "risíveis", "burros", "falhados"; e a associação exaustiva da beleza ou sensualidade à magreza/tonificação. Raramente vemos difundidos os estudos que alertam para os perigos do excesso de exercício físico; que desdramatizam os custos médicos/sociais do excesso de peso alertando para os custos socais e médicos das restrições alimentares; que alertam para a associação entre práticas dietéticas regulares com o sofrimento pessoal e íntimo; que mostrem como cada vez mais cedo a insatisfação corporal se assume como aspecto central da vida pessoal; como a preocupação pela magreza (e juventude) se pode tornar um factor associado à dificuldade de desenvolver relações íntimas satisfatórias.

Isto a propósito de A GORDA, uma peça de teatro sobre o impacto social da forma corporal gorda de uma rapariga membro de um recém constituído casal heterossexual em que ele é "belo". Às vezes, realmente o Inferno são mesmo os outros!

Desconheço a qualidade da encenação em causa, mas é pertinente a temática. Com o conhecido Ricardo Pereira, de quem se desconhecem relações amorosas com mulheres com Índice de Massa Corporal superior a 18, 5.
;-)

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